MÍDIA
― Em que pé estamos? – o delegado
perguntou depois de ouvir o relato dos detetives.
― Apesar da explosão, os peritos
estão procurando por alguma evidência que possa ser encontrada nos escombros da
casa. – Raquel respondeu.
― E outra equipe está analisando
o DVD que tiramos de lá. – Jorge complementou.
― A mídia está toda aí embaixo. –
o delegado informou. – Com os acontecimentos de ontem, a cidade está em pânico.
De algum modo, o fato da vítima não ter um dedo vazou e, com isso, não demorou
muito para descobrirem sobre o Assassino Dedos dos Pés. – ele disse e olhou
sério para os dois detetives. – Precisamos resolver isso logo. Jorge, você vai
até a criminalística e acompanha o progresso dos peritos, apresse-os se
preciso. Raquel, você volta ao asilo e converse novamente com o Copi.
― Com todo o respeito, delegado,
acredito que o Detetive Copi já contribuiu com o que podia para a investigação.
– a moça retrucou.
― Nunca subestime os mais velhos,
criança. Ainda mais um velho detetive. Ele pode não ter tido essa explosão na
época dele, mas ele já passou por muita coisa que em toda a sua vida, você não
passará nem a metade, Raquel. Volte lá e converse com ele, vai ver que o velho
Copi pode contribuir com muito mais. – disse o Delegado Rocha.
― Sim, senhor. – ela disse e saiu
acompanhada pelo parceiro.
― E eu vou lidar com a mídia. –
Rocha disse ao ficar sozinho.
O espaço da delegacia separado
para a mídia estava lotado de repórteres esperando pelo pronunciamento do
delegado. Quando ele chegou, todos levantaram e começaram a jogar perguntas.
Rocha subiu no tablado e ficou de frente para todos. Pediu para todos sentarem
e perguntarem um de cada de vez.
― A explosão e está ligada com o
corpo achado no Parque Barigui? – perguntou o primeiro repórter.
― Nossos peritos estão analisando
as evidências de ambos os locais, mas até o momento não há certeza de qualquer
relação. – ele respondeu.
― Há algum suspeito de quem seja
esse novo Assassino Dedos dos Pés? Um descendente ou um imitador? A cidade
precisa se preocupar como nos anos 60? – emendou outro rapidamente.
― Ainda não há nenhum suspeito e
também não temos nenhuma confirmação se é realmente um novo Dedos dos Pés, pode
ser apenas uma coincidência. E, não, a cidade não precisa se preocupar. – Rocha
respondeu calmamente. – Nossos investigadores estão trabalhando em resolver
esse caso o mais rápido possível. – ele disse e, em pensamento, torceu para que
seus detetives estivessem realmente avançando nas investigações.
Faltava pouco mais de uma hora
para o almoço. Copi estava no jardim do Asilo Ipiranga, sentado em um dos
bancos, jogando comida para os pombos que passavam. Em dado momento, ele
levantou a cabeça e viu uma jovem e bela morena, de cabelos cacheados, vindo em
sua direção.
― Bom dia, detetiv... digo, Copi.
– ela cumprimentou.
― Bom dia, Raquel. – ele
respondeu de volta. – Que bom que voltou, mas não imaginava que retornasse tão
rápido. – ele comentou.
― Aconteceu uma coisa nova.
Talvez, o senhor possa dizer algo que me ajude. – ela disse.
― Farei meu melhor. – ele
garantiu.
Raquel contou sobre o vídeo e
tudo o que lembrava que o assassino tinha falado e da explosão subsequente.
― Que perfil interessante e
inteligente você tem para enfrentar. – o velho disse.
― Como é? – a detetive perguntou
confusa.
― Embora não seja tão difícil de
vencê-lo. – ele continuou como se ela não o tivesse interrompido. – Pelo que me
disse, ele confessou tudo no vídeo, o que significa que ele quer que saibam
quem é. A revelação do local é incomum, mas talvez seja um tipo de tática. –
Copi analisou. – Ao fazer isso, ele praticamente pede para que o prendam, o que
não faz sentido. Foram mandados policiais vasculhar a Ópera de Arame?
― Sim. Estão lá nesse exato
momento. – Raquel respondeu.
― Muitos?
― O suficiente para cobrir a área
toda.
― Se eu quisesse fazer algo em um
lugar e não quisesse que a polícia estivesse por lá, qual seria a melhor
maneira de despistá-la? – ele indagou.
― Fazendo-a ir para outro lugar.
– ela adivinhou.
― Exatamente. – o velho assentiu.
– Às vezes, a resposta está bem na nossa frente e não a vemos, e às vezes, tudo
o que temos de fazer é olhar além do óbvio. – ele filosofou.
― Muito obrigado, Copi, o senhor
ajudou muito. – ela agradeceu e se levantou. – Tenho de ir agora, até amanhã. –
Raquel saiu e pegou o celular para ligar para seu parceiro, mas este ligou
antes. – Ia te ligar agora, mande os policiais saírem da Ópera, o assassino
estava só nos enrolando.
― Pena não termos percebido
antes. – Jorge disse e fez uma pausa. – Nós temos um novo corpo, Raquel.
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