INTERVENÇÃO
― Rachas? Você tem certeza? –
Joel perguntou sem acreditar.
― Sim. Eu o segui em uma noite. –
Taís confirmou.
― Obrigado por avisar. Eu vou
falar com ele. – Joel disse e ia saindo, mas a morena segurou seu braço.
― Não adianta. Eu já falei. Ele
está entediado e ressentido com você, Joel. Ele não gostou de ter ficado sem
fazer nada durante esses dias. – Taís informou.
― Eu não sabia que ele estava se
sentindo assim. – Joel disse.
― Enfim, ele não vai ouvir
ninguém agora. Ele está ganhando dinheiro lá, Joel. Há quatro noites, o Charger
ganha todas, hoje vai ser a quinta. E eu notei que já tem muita gente
incomodada com isso. – a garota disse.
― Temos de tirá-lo de lá. Não
quero confusão com mais bandidos. – o líder do grupo decidiu.
― A única maneira é vencê-lo em
uma corrida, porque ele não vai vir por vontade própria. – ela avisou.
― Sim, mas vencer não é o
suficiente. Tenho algo para adicionar à sua ideia. – Joel disse e sorriu.
Faltava pouco para o começo da
corrida. Havia muita gente naquele trecho da rua. Não tinha tráfego, pois já
era de madrugada. Charger estava em pé ao lado do seu carro, quando alguém
gritou para os pilotos se prepararem. Antes de entrar em seu veículo, o rapaz
virou para a multidão e ergueu os braços, o que causou vários gritos e
vibrações.
Quatro noites antes, ele era
apenas mais um ali, mas naquele momento, era o novo favorito da torcida e dos
apostadores. Bom, nem de todos os apostadores. Charger sabia muito bem que
estava desagradando alguns.
― Charger! Charger! Charger! Charger! –
a multidão gritava.
― Charger! – uma pessoa que ele
conhecia muito bem passou por todos e alcançou o mecânico.
― Joel?! O que você está fazendo
aqui? – o piloto perguntou com surpresa.
― Vim acabar com essa sua
loucura. A Taís me contou que você tem vindo aqui todas as noites. – Joel
disse.
― Sim, estou. Você não me deu o
que fazer, então eu mesmo arranjei um passatempo. – Charger rebateu.
― Se esse é o problema, eu tenho
um trabalho para você. Eu preciso de você. – Joel pediu.
― Precisa, é? Eu estava lá e você
simplesmente me deixou de lado. Eu te disse que sempre estaria lá por você, mas
você mesmo me afastou, Joel. – Charger desabafou.
― Eu sei, me desculpa. Para com
essa loucura de racha e vamos para casa. – o líder chamou.
― Eu te desculpo, mas não vou
sair daqui. Estou ganhando um bom dinheiro aqui, além do mais eu vir aqui não
atrapalha minha função nos roubos.
― Atrapalha sim, quero você 100%
focado nas operações. Fazemos assim, se perder a corrida de hoje, você volta
comigo e nunca mais vem aqui. O que acha? – Joel propôs e Charger riu.
― Eu ganhei por quatro noites
seguidas. E os três que vão correr hoje já perderam para mim. – o mecânico
informou.
― Então não tem com o que se
preocupar. – Joel disse e estendeu a mão, Charger a apertou e entrou no carro.
A rua tinha apenas duas faixas,
mas a ideia era que os pilotos usassem as calçadas e os espaços para estacionamento
para fazer as ultrapassagens. O nitro estava liberado, bater contra outro
também, mas não podia usar nada que danificasse o carro competidor de outras
maneiras. Para isso, todos os carros eram verificados antes.
As regras eram simples: devia-se
atravessar toda a Rua Mateus Leme, dar a volta na quadra do Shopping Mueller e
voltar ao ponto inicial. Charger sempre ria ao pensar em quão perto passava
pelo Banco Central, alvo do próximo roubo do grupo.
Foi dada a largada e os carros
arrancaram com tremenda velocidade. Os carros mantiveram suas posições por
algumas quadras, mas logo as ultrapassagens começaram. Quando foi passado,
Charger notou algo estranho no carro da frente.
― Aquele NOS parece o que eu uso.
– ele disse para si mesmo franzindo a testa.
Ao julgar pelo shopping Mueller creio se tratar de Curitiba, não?
ResponderExcluirAguardando continuação.
Hhumm...curiosa, curiosa - como sempre!
ResponderExcluirBeijos!