TESTE
Dentro do terreno,
Rubens circundou a construção e encontrou uma janela acessível, mas não
conseguiu abri-la. Envolveu a manga de sua camisa em sua mão e socou o vidro,
quebrando-o. Entrou em um escritório, ficou quieto para ouvir algum movimento,
mas só houve silêncio.
Devagar, ele se
aproximou da porta e a abriu com cuidado. Sem fazer barulho, o jornalista saiu
da sala e se viu em um corredor. Foi andando, sempre encostado nas paredes, e,
depois de muitas voltas, chegou a uma porta com um painel com teclado numérico.
De imediato, pegou o celular que o amigo havia lhe dado, mas este tocou em
seguida.
― Sincronia
perfeita, Leonel. Estou em frente a uma porta... – Rubens começou a dizer, mas
foi interrompido.
― Tente 5382. – o
coronel disse.
― Como você...? Ah,
deixa para lá. – o jornalista disse e digitou o código que abriu a porta. –
Uau! – Rubens disse ao entrar. – Esse lugar está cheio de drogas. Deve haver
centenas de sacos de cocaína, maconha e, acho que até, de crack.
― Muito bem,
Rubens. Agradeço a sua ajuda. Agora saia daí imediatamente. Minha equipe
colocou bombas em toda a propriedade e vai explodir em cinco minutos. – Leonel
disse e desligou.
― Como é que é? –
Rubens perguntou assustado. – Leonel? – chamou em vão. – Droga!
No furgão, os
militares assistiam e ouviam tudo pelas câmeras do local.
― Se você faz isso
com o seu melhor amigo, não quero nem imaginar o que faria com seu pior
inimigo. – o capitão comentou.
― Você sabe muito
bem o que faço com meus inimigos, capitão. – Leonel respondeu e emendou. – E o
Rubens precisava desse teste para eu saber se ele está apto para nos ajudar de
verdade.
― Ainda acho que
você superestima demais as habilidades desse jornalista. – o segundo no comando
opinou e o coronel simplesmente sorriu.
Desesperado, Rubens
correu sem se preocupar em ser ouvido ou visto. Em uma virada de corredor,
trombou contra dois policiais que tentaram pará-lo.
― Ei, como
conseguiu entrar aqui? – perguntou o primeiro e pôs a mão no cabo da arma.
― Temos que sair
daqui agora. Esse lugar todo vai explodir. Rápido! – Rubens avisou.
― O que? O que está
dizendo? Você é um desses kamikazes? – perguntou o segundo e os dois apontaram
as pistolas para o jornalista.
― O que? Não! Ah,
droga! – Rubens praguejou e empurrou os dois policiais e saiu correndo.
Tentando sair do
local ao mesmo tempo em que fugia dos oficiais, Rubens foi passando de corredor
em corredor até que chegou ao saguão de entrada. Um porteiro que estava ali
gritou alguma coisa para ele, mas o jornalista já havia desistido de tentar salvar
os outros. O furgão saiu do local em que estava e avançou até a frente do
depósito.
― Santana, Jeller,
vão pegá-lo. – Leonel ordenou.
Faltando poucos
segundos para a explosão, Rubens passou pela porta de entrada e correu o máximo
que pôde. No meio do caminho, porém, o chão começou a tremer e tudo que havia
atrás dele foi consumido pelas chamas. O impacto da explosão espalhou uma onda
de ar que atingiu, levantou e empurrou o jornalista fortemente para frente. Os
dois soldados seguraram Rubens para que não se machucasse.
― Nós o pegamos,
Sr. Fonseca. – disse Santana.
― Por aqui, por
favor. – Jeller emendou guiando o jornalista até o fundo do furgão.
Ao ver o amigo
sentado e esperando-o, Rubens foi consumido por uma raiva até então nunca
sentida.
― O que está
acontecendo aqui, Leonel? Eu quero uma explicação e quero agora! – exigiu o
jornalista, com uma expressão nunca vista pelo coronel.
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