A polícia estava realizando
várias operações contra o tráfico de drogas na Grande São Paulo, mas ao mesmo
tempo muitas gangues conseguiam se safar livre e fazer o contrabando. Rubens
quase sempre estava junto cobrindo as ações. Entretanto, assim que a
investigação acabava e o caso era concluído pela polícia, o jornalista parava
de acompanhar.
O que Rubens não via era o
julgamento dos traficantes, as prisões e, mais importante, o que acontecia com
as drogas apreendidas. Ao ser convidado por seu melhor amigo para tomar um
café, o jornalista mal sabia que estava prestes a descobrir as peças que lhe
faltavam.
― E aí, Rubens, amigão? – Leonel
levantou da mesa em que estava para cumprimenta-lo.
― Fala, Leonel, como você está? –
o jornalista devolveu e sentou à mesa.
Cada um pediu um café, enquanto
falavam sobre suas vidas pessoais e suas carreiras. Na metade da bebida, o
assunto mudou de direção.
― Por que tenho a impressão de
que você não me chamou aqui apenas para jogarmos conversa fora? – Rubens
perguntou.
― Porque você é muito perspicaz. –
o amigo respondeu e ao ver a expressão insatisfeita do jornalista, continuou. –
Eu tenho uma proposta para você.
― Que proposta?
― Tenho acompanhado algumas
reportagens suas sobre o tráfico de drogas na capital. – Leonel começou. – Você
já se perguntou o que acontece com as drogas apreendidas depois do fim das
investigações? – ele continuou antes que Rubens pudesse responder. – Elas ficam
guardadas em um depósito da polícia. É até bem guardada, mas está ali. E,
infelizmente, não faltam policiais corruptos que, com o incentivo certo,
colocariam essas drogas de volta na rua em um instante. – o coronel disse.
― Ainda não entendi onde eu entro
nisso. – Rubens disse.
― Eu estou em missão secreta e
parte dela é confirmar a localização das drogas apreendidas. Quero que você
entre lá e faça isso para mim.
― Como é que é? – o jornalista se
espantou. – Você quer que eu invada um depósito da polícia?
― Exatamente. Pelas matérias que
publica, você tem experiência nisso. – Leonel disse. – Enfim, não precisa
responder agora, pense um pouco e se decidir fazer, esteja nesse endereço e
leve esse celular com você. – disse o coronel e empurrou um papel e o aparelho
para o jornalista.
A noite chegou e, devido às vezes
que Leonel o ajudou, Rubens decidiu ajudar o amigo. Assim que chegou no
endereço dado, o celular que recebeu, tocou.
― Que bom que veio, Rubens. –
Leonel disse quando o jornalista atendeu. ― A missão é simples: entra no
depósito e confirma se a droga está lá e a quantidade que tem. Depois, você sai
e o meu pessoal cuida do resto.
― Tudo bem. – Rubens assentiu e
desligou.
Duas quadras do depósito, um
furgão preto se encontrava estacionado. Dentro dele, havia sete pessoas, duas na
frente e cinco atrás. Um computador lhes proporcionava o acesso à câmeras do
local e uma escuta plantada no celular que Leonel deu para Rubens, lhes
possibilitava ouvir cada passo do jornalista.
Devido aos altos muros que
cercavam o depósito, Rubens decidiu mudar de tática e foi pela frente. Ele se
aproximou da guarita e falou com o guarda.
― Com licença, senhor. – o
jornalista sussurrou.
― O que disse? – o guarda
perguntou e Rubens repetiu no mesmo tom, apontou a garganta e pediu para o
guarda se aproximar.
Quando o vigilante chegou perto
do espaço vazio que havia no vidro, o jornalista segurou-o com uma mão e
pressionou um pano com clorofórmio com a outra. Assim que o guarda desmaiou,
Rubens entrou no terreno do depósito.
― Ele entrou. – disse um homem
fardado sentado ao lado do Coronel Leonel, também fardado.
― Não disse que ele entraria,
capitão? – Leonel se dirigiu ao homem sentado ao seu outro lado.
― Ainda não entendo por que pediu
que esse homem fizesse o que nós já fizemos. – o segundo no comando comentou.
― Logo entenderá, capitão. Logo
entenderá. – Leonel disse.
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