EXCLUSIVA
Os assassinos do policial fizeram
bastante volta para tentar despistar Rubens de seu encalço. Atiraram algumas
vezes, mas não conseguiram acertar o jornalista. Entretanto a sorte de Rubens
acabou quando, ao virar uma rua, ficou de frente para a gangue dos bandidos que
os esperava.
Ele derrapou com a moto e tentou
dar a volta, mas uma arma surgiu diante dele e o fez parar. O rapaz não
entendeu por que não levou uma rajada de tiros ali mesmo, mas decidiu ficar
agradecido por isso. Ele foi levado para dentro de uma casa.
Acomodado num sofá, cercado de
homens armados e loucos para matá-lo, Rubens tentava pensar em um modo de sair
dali vivo, mas seus pensamentos foram interrompidos pela chegada do que parecia
ser o chefe do bando.
― Você tem muita sorte de ainda
estar vivo, sabia? – disse o homem que tinha sentado em uma cadeira na frente
do jornalista com uma tigela com azeitonas.
― E por que ainda estou? – Rubens
perguntou enquanto o homem cuspia um caroço e pegava outra azeitona.
― Porque o Carrasco, o chefe da
gangue, não quer que a gente mate mais aqui na frente de casa. – o homem disse
e cuspiu outro caroço.
― Se ele é o chefe, quem é você?
– Rubens arriscou a pergunta.
― Sou Azeitona, o segundo no
comando. – ele disse e pôs outra azeitona na boca. – Agora me diga, jornalista,
o que você queria ao perseguir meus manos?
― Saber por que mataram um
policial sem farda. – o jornalista decidiu não mentir.
― Entendo. Então, eu te digo o
que faremos. – começou Azeitona. – Como temos que esperar o Carrasco chegar, eu
te darei uma entrevista exclusiva, a última da sua vida. O que acha? – o
bandido propôs e cuspiu outro caroço.
― Se vou fazer a minha última
entrevista, então não se você não se importará se eu usar meu gravador, não é
mesmo? – Rubens disse.
― Tudo bem, eu vou destruir
depois mesmo. – Azeitona aceitou.
― Então, por que estão matando
policiais sem farda e fora da hora de trabalhos deles? – o jornalista perguntou
com o gravador estendido para o bandido.
― Direto, gosto disso. Para falar
a verdade, esse foi o primeiro que nosso bando matou. – ele respondeu e pegou
outra azeitona. – Houve uma grande reunião com os líderes das maiores gangues
da cidade logo depois daquela operação em que a polícia matou um monte. –
Azeitona disse e mastigou um pouco. – A partir de então, cada grupo ficou
responsável por um bairro.
― Mas como vocês ficaram sabendo
de onde e quando cada policial estaria em seus momentos de folga? – Rubens
perguntou.
― Ah! Essa é a beleza dessa
cidade, aliás desse país. – Azeitona disse e cuspiu o caroço. – Os próprios
policiais delataram seus companheiros. É incrível o que o dinheiro e algumas
promessas fazem com uma pessoa, não?
As palavras do bandido deixaram o
jornalista sem ação por um momento e isso foi o suficiente para ele perder o
resto da entrevista. Um homem cochichou algo no ouvido de Azeitona, que se
levantou.
― Sinto dizer, mas nosso tempo se
acabou. – o bandido disse. – Amarrem-no a uma cadeira e coloquem-no no
quartinho. – ele ordenou para os companheiros.
Bem amarrado, em um quarto sem
janela e sendo vigiado, Rubens, por mais que pensasse, não conseguia ver um
jeito de sair dali vivo. Ele já havia passado por várias situações parecidas,
mas sempre tinha um plano preparado antes. Não era o caso dessa vez. Ele estava
sozinho. Concentrou-se para ouvir uma conversa que vinha do lado de fora do
quarto.
― Ele está aí dentro? – perguntou
uma voz desconhecida.
― Sim, Carrasco. – respondeu
Azeitona.
― Então, vamos acabar logo com
isso. – Carrasco disse e a porta se abriu.
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