PRIMEIRO CASO
A caminho da delegacia para mais
um dia de trabalho, a Detetive Raquel Marins ouve uma transmissão no rádio da
polícia, enquanto dirige pela BR-277.
― Atenção, todas as unidades! Um
corpo foi encontrado no Parque Barigui. – a oficial olhou de relance para o
rádio e de volta para a estrada e então se concentrou para prestar atenção no
que ouvia. – Oficiais e detetives mais próximos do local, dirijam-se para lá,
imediatamente.
Ela sorriu e, sem pensar duas
vezes, pegou o aparelho comunicador para avisar a todos.
― Aqui é a Detetive Marins. Estou
a cinco minutos do parque, me encaminhando para lá agora mesmo. – ela desligou
e então tomou uma postura mais séria e determinada. – Esse caso é meu!
Ao chegar no estacionamento, a jovem detetive já notou. Três viaturas
protegiam a entrada principal para o parque e logo atrás delas, pouco depois do
portal de entrada, havia uma ambulância. Ela passou por todos e chegou a um
local com uma fita de contenção que rodeava um corpo estendido. Dois policiais
protegiam a área.
― O que temos aqui, policiais? –
ela perguntou.
― Um corpo sem identificação. Foi
encontrado pela mocinha ali, que fazia sua corrida matinal. – ele disse
apontando uma mulher que estava sendo atendida na ambulância. – Eu diria que a
vítima tem uns 30 anos.
Ela se aproximou do corpo e se
agachou. Notou que as calças do cadáver estavam rasgadas e havia hematomas e
manchas de sangue por todo o corpo. O rosto estava praticamente irreconhecível.
― Parece que ele foi bastante torturado
antes de morrer. Não consigo dizer a causa da morte com todo esse sangue. Onde
estão os peritos?
― A caminho. – o policial
respondeu.
― O que a mulher que encontrou o
corpo disse? – Raquel se levantou e perguntou.
― Ela ia começar a correr quando
notou o corpo, mas só ao chegar mais perto viu que estava morto. Ela disse ter
ouvido um barulho vindo da mata. – ele disse apontando a grande floresta que
rodeava o parque.
― Vocês...
― Meus homens estão vasculhando a
área enquanto falamos.
― Ótimo. E, policial, uma última
coisa... – ela disse e apontou para o pé da vítima. – Onde está o dedo médio do
pé direito da vítima?
― O senhor me chamou, delegado? –
perguntou o Detetive Jorge Perez ao entrar na sala do chefe.
― Eu soube que a Detetive Marins
pegou o caso de homicídio do Barigui. – disse o delegado enquanto mexia em uma
pasta com papéis.
― Sim, senhor, ela pegou.
― Por favor, sente-se, Jorge. – o
chefe pediu e, quando o detetive o fez, continuou. – Quero que você acompanhe a
Detetive Marins no caso do homicídio.
― Tem certeza, senhor? Pois eu
acho que ela está preparada para resolver um homicídio. – o detetive opinou.
― Eu concordo, mas esse não é um
caso qualquer. – o delegado retrucou. – Jorge, você já ouviu falar do Detetive
Osmar Copi?
― Sim, senhor. O melhor detetive
do distrito nos anos 50, 60 e 70. Apenas um caso ficou sem solução.
― Você sabe que caso foi esse?
― De cabeça, agora não me lembro,
senhor.
― Veja isso! – o Delegado Rocha
empurrou a pasta que estava lendo para o detetive.
― O Assassino Dedos do Pé! –
Jorge exclamou surpreso após ler um pouco. – O senhor acha que...
― Ele voltou! Ou algum
descendente do assassino original. – o delegado completou. – Quero que você a
leve para conhecer o Detetive Copi. Com a experiência dele e a juventude dela,
talvez consigamos resolver esse caso de uma vez por todas.
― Sim, senhor. – o Detetive Perez
concordou e saiu da sala do delegado. Logo viu a Detetive Marins em sua mesa e
foi ao seu encontro. – Oi, Raquel.
― Oi, Jorge. – ela cumprimentou
de volta. – Não posso conversar agora, só vim pegar umas coisas, tenho que
correr para o laboratório de criminalística.
― Para saber sobre o corpo do
Barigui. – ele completou.
― É. Meu primeiro homicídio, não
é demais? – ela admitiu animada.
― Sim, demais, tanto que eu
gostaria de participar dele, o que acha? – ele sugeriu.
― Acho que você não é mais meu
mentor, Jorge. E eu posso resolver esse caso, sozinha. – Raquel recusou e saiu
com sua bolsa em direção ao elevador.
― Quem falou em mentor? Eu quero
ser seu parceiro, alguém com quem você possa contar. – Jorge explicou, indo
atrás dela.
― Sei, você fala isso agora, mas
daqui a pouco já vai estar me dizendo o que fazer. – a detetive retrucou.
― Eu só quero te ajudar, tirar
suas dúvidas. Vai dizer que você não tem dúvidas? – ele insistiu.
― Agora que você falou... – ela
disse. – Tudo bem, eu aceito essa parceria, mas com uma condição. Eu tomarei as
decisões, mesmo que você não concorde. – ela decidiu enquanto parava e apertava
o botão do elevador.
― Você manda. – ele aceitou
enquanto segurava a porta para a moça entrar. – Então, ouvi dizer que o
assassino levou um dedo do pé da vítima.
― É, quero ver se os peritos
conseguem me falar mais sobre isso. – ela disse enquanto o elevador descia.
― Eu conheço alguém que poderia
te falar mais sobre isso.
― É sério? Quem? – Raquel quis
saber.
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