DR. MORTE
Terom abriu os olhos e se viu em
um quarto branco, claro e com um cheiro nauseante. Inclinou a cabeça para
frente e viu uma morena de pele escura e cabelo cacheado.
― Quis ser a primeira pessoa que
você visse quando acordasse. – ela disse.
― Objetivo alcançado. – ele devolveu.
– Aliás, você parece conseguir atingir todos os seus objetivos, não é?
― Faço meu melhor. E no seu caso,
ainda contei com o fato de você ter tentado matar minha melhor amiga. Foi seu
maior erro. – ela contou.
― Talvez tenha sido. – ele admitiu.
– Pode me dizer onde estamos?
― Que bom que perguntou. – ela disse
e sorriu. – Olha a ironia, você está sendo tratado pelos melhores profissionais
do seu hospital, mas nenhum deles está nem aí para o que vai te acontecer.
― Que amável da parte deles. – o médico
ironizou.
― Eu estava pensando, para um
homem que jurou salvar vidas, você tem muitas mortes em seu currículo. Mas sabe
que isso deve ser por causa do seu nome. – Raquel disse e viu a confusão surgir
no rosto do assassino. – Eu estive analisando seu sobrenome e descobri que ele
é um anagrama para morte. Não é interessante?
― Por que não me matou? – Terom disse
ignorando o comentário da detetive.
― Minha mira com a esquerda está
ruim. Eu bem que tentei. – ela disse.
― Você sabe que não ficarei preso
muito tempo. Sou uma pessoa com muita influência e contatos. – ele contou.
― Eu sei, mas você ficará marcado
e nunca mais poderá exercer sua profissão novamente. Sei também que não
conseguirá ficar parado e tentará alguma besteira. E quando você fizer isso, eu
estarei lá para te prender de novo. – Raquel disse e se encaminhou para a
porta. – Bom, vou deixá-lo com seus pensamentos. Até mais, Dr. Morte! – disse e
saiu.
No dia seguinte, Raquel foi até o
Asilo Ipiranga contar a resolução do caso para o velho Copi.
― Estou muito orgulhoso de você. –
o ex-detetive disse. – Nem precisa mais dos conselhos desse velho aqui. – Copi riu.
― Claro que preciso. Foi com seus
conselhos que cheguei tão longe. – Raquel contrapôs. – Esse foi apenas meu
segundo caso na Homicídios. Sinto que ainda precisarei bastante de você. – ela disse.
― Enquanto eu estiver aqui,
ficarei feliz em ajudar. Agora me diga, o que você vai fazer? – quis saber.
― Vou tirar uns dias de folga até
meu braço direito ficar cem por cento. E depois vou voltar à ativa. Essa cidade
está um caos e eu quero muito ajudar a mudar isso. – a detetive respondeu.
― Tenho certeza de que você será
muito importante para que esse caos tenha fim. – Copi disse e ganhou um sorriso
da morena.
Os dois conversaram por um longo
tempo após isso e então, Raquel foi embora. Sem a tala, conseguiu se movimentar
melhor e ficou muito grata por isso. Tomou um banho quente, cozinhou seu jantar
e se preparou para dormir.
Pensou em ligar a televisão e ver
as notícias, mas decidiu que precisava descansar. Decidiu que só queria dormir,
sem sonhar, e acordar no outro dia. E foi o que fez.
...........................................................................................................
― E agora, doutor, o que faremos?
– Benck perguntou da cela ao lado, com sua voz aguda e fina.
― Agora, nós esperamos. – Terom
respondeu calmamente. – Pois é isso o que se faz quando é se é derrotado:
espera o inimigo baixar a guarda para atacá-lo. E, Benck. – o pirata ficou
atento às próximas palavras do médico companheiro de prisão. – A partir de hoje
me chame de Dr. Morte! – sorriu.
Nenhum comentário :
Postar um comentário