segunda-feira, 22 de julho de 2013

Tudo Por Uma Notícia T02C07

INAUGURAÇÃO

Todos os repórteres já estavam no local, somente à espera do Dr. Guramo. Sem conseguir mais aguentar, Carla decidiu ir ao banheiro. No caminho, ficava a sala do médico que todos esperavam. Dela, saiu um homem que a jornalista reconheceu na hora.
― Rubens! O que você está fazendo aqui? – ela disse com surpresa.
― Carla! Eu é que pergunto o que você está fazendo aqui? – ele devolveu e a puxou para longe da porta pela qual saiu.
― Eu vim cobrir a inauguração da seção de UTI do hospital. – ela respondeu. – E não me enrola. Desembucha, o que veio fazer aqui?
― Hum, está bem. Eu estou investigando o Dr. Guramo. Ouvi dizer que o nobre doutor anda desviando muita verba do hospital. – Rubens contou.
― Sério? – Carla perguntou sem acreditar.
― Sim, acabei de confirmar ao ver os e-mails e últimos acessos dos navegadores dele. E é por isso que agora vou fazer uma surpresinha para o doutor. – ele disse e foi avançando para a área de entrevista.
― Espera! – ela pediu e ele parou. – Essa vai ser mais uma daquelas suas matérias polêmicas, não é? – ele ia responder, mas ela continuou. – Pela primeira vez, nossas histórias são praticamente a mesma. Vamos fazer uma matéria dupla! – ela disse empolgada. – Já estou até vendo a manchete: “Médico desvia verba de hospital” por Carla Lamarca e Rubens Fonseca.
― Por que seu nome vem antes? – ele perguntou, mas foi ignorado.
― Olha, o médico chegou. Vamos lá, e deixa comigo! – ela avisou e foi puxando ele até o local de entrevista.
O Dr. Guramo cumprimentou a todos e cortou a faixa que foi colocada na porta de entrada da UTI. Ele entrou, sendo acompanhado por todos os representantes da mídia ali presentes. Depois de algumas palavras iniciais, o médico abriu a seção de perguntas.
― Você! – ele indicou Carla.
― Esse hospital já existe há 10 anos. Com tantas contribuições e doações feitas nesse período, o setor de UTI não deveria ter sido inaugurado antes? – a moça loira perguntou.
― Veja bem, mesmo com toda a ajuda que recebemos, um hospital dá bastante despesa. Passamos por muitas dificuldades, mas sou feliz em dizer que hoje estamos bem financeiramente. – ele respondeu e ia escolher o próximo a perguntar, mas Carla continuou.
― Em alguns países da Europa, quando se é inaugurada um novo setor no hospital particular, é feito um dia de atendimento grátis para o público. O senhor pretende fazer o mesmo? – ela perguntou e Rubens a olhou com orgulho.
― Bom, eu... – o médico começou e viu todos olhares caírem sobre ele, inclusive uma câmera, todo o país iria ouvir sua resposta. – Claro que sim. Verei um dia e avisarei a todos. – ele disse e tentou escolher outra pessoa para perguntar, mas foi novamente interrompido.
― Que tal amanhã? – Carla propôs. – Assim o senhor não perde o embalo e, é claro, que meus colegas de profissão e eu fazemos questão de vir aqui acompanhar tudo. – ela disse.
― É, eu... – vendo-se encurralado, Guramo não teve outra opção senão aceitar. – Muito bem, a partir das 7h da manhã de amanhã todo e qualquer atendimento ou tratamento nesse hospital será de graça. Serão 24h assim. Avisem a todos. – ele disse e Carla não fez mais perguntas.
Ao fim das perguntas, o médico foi embora e no caminho, falou com seu segurança particular.
― Dê um fim naquela repórter para mim, sim? – Guramo disse.
― Sim, senhor. – o funcionário respondeu.


Depois do expediente, Rubens e Carla foram ao cinema juntos. Na hora de ir embora, ele decidiu acompanhá-la até em casa, mesmo sendo ela a dona do carro.
― Depois eu pego um táxi para casa. – ele disse.
Enquanto esperavam o elevador, o rapaz decidiu falar sobre a atuação dela.
― Você mandou muito bem hoje. – ele elogiou.
― Aprendi com o melhor. – ela disse e, vendo que ele não entendeu, continuou. – Sempre leio suas matérias e, apesar de você se arriscar muito, gosto do jeito que faz. – Carla admitiu.
― Caramba! Nunca imaginei que seria exemplo para alguém. Fico muito feliz por isso. – o elevador chegou e eles entraram.
― Você é, Rubens. E não só para mim. – ela disse e os dois sorriram.
Saíram do elevador e foram para o apartamento da moça, mas ao chegarem lá, encontraram a porta escancarada.
― Oh, meu Deus! O que aconteceu aqui? – ela disse ao ver toda a bagunça feita na casa dela. – Moro aqui há cinco anos e nunca havia sido roubada.

― Isso não foi um roubo. – Rubens disse. – Você acaba de se tornar a inimiga número um do Dr. Guramo.

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