INAUGURAÇÃO
Todos os repórteres já estavam no
local, somente à espera do Dr. Guramo. Sem conseguir mais aguentar, Carla
decidiu ir ao banheiro. No caminho, ficava a sala do médico que todos
esperavam. Dela, saiu um homem que a jornalista reconheceu na hora.
― Rubens! O que você está fazendo
aqui? – ela disse com surpresa.
― Carla! Eu é que pergunto o que
você está fazendo aqui? – ele devolveu e a puxou para longe da porta pela qual
saiu.
― Eu vim cobrir a inauguração da
seção de UTI do hospital. – ela respondeu. – E não me enrola. Desembucha, o que
veio fazer aqui?
― Hum, está bem. Eu estou
investigando o Dr. Guramo. Ouvi dizer que o nobre doutor anda desviando muita
verba do hospital. – Rubens contou.
― Sério? – Carla perguntou sem
acreditar.
― Sim, acabei de confirmar ao ver
os e-mails e últimos acessos dos navegadores dele. E é por isso que agora vou
fazer uma surpresinha para o doutor. – ele disse e foi avançando para a área de
entrevista.
― Espera! – ela pediu e ele
parou. – Essa vai ser mais uma daquelas suas matérias polêmicas, não é? – ele
ia responder, mas ela continuou. – Pela primeira vez, nossas histórias são
praticamente a mesma. Vamos fazer uma matéria dupla! – ela disse empolgada. –
Já estou até vendo a manchete: “Médico desvia verba de hospital” por Carla
Lamarca e Rubens Fonseca.
― Por que seu nome vem antes? –
ele perguntou, mas foi ignorado.
― Olha, o médico chegou. Vamos
lá, e deixa comigo! – ela avisou e foi puxando ele até o local de entrevista.
O Dr. Guramo cumprimentou a todos
e cortou a faixa que foi colocada na porta de entrada da UTI. Ele entrou, sendo
acompanhado por todos os representantes da mídia ali presentes. Depois de
algumas palavras iniciais, o médico abriu a seção de perguntas.
― Você! – ele indicou Carla.
― Esse hospital já existe há 10
anos. Com tantas contribuições e doações feitas nesse período, o setor de UTI
não deveria ter sido inaugurado antes? – a moça loira perguntou.
― Veja bem, mesmo com toda a
ajuda que recebemos, um hospital dá bastante despesa. Passamos por muitas
dificuldades, mas sou feliz em dizer que hoje estamos bem financeiramente. –
ele respondeu e ia escolher o próximo a perguntar, mas Carla continuou.
― Em alguns países da Europa,
quando se é inaugurada um novo setor no hospital particular, é feito um dia de
atendimento grátis para o público. O senhor pretende fazer o mesmo? – ela
perguntou e Rubens a olhou com orgulho.
― Bom, eu... – o médico começou e
viu todos olhares caírem sobre ele, inclusive uma câmera, todo o país iria
ouvir sua resposta. – Claro que sim. Verei um dia e avisarei a todos. – ele
disse e tentou escolher outra pessoa para perguntar, mas foi novamente
interrompido.
― Que tal amanhã? – Carla propôs.
– Assim o senhor não perde o embalo e, é claro, que meus colegas de profissão e
eu fazemos questão de vir aqui acompanhar tudo. – ela disse.
― É, eu... – vendo-se
encurralado, Guramo não teve outra opção senão aceitar. – Muito bem, a partir
das 7h da manhã de amanhã todo e qualquer atendimento ou tratamento nesse
hospital será de graça. Serão 24h assim. Avisem a todos. – ele disse e Carla
não fez mais perguntas.
Ao fim das perguntas, o médico
foi embora e no caminho, falou com seu segurança particular.
― Dê um fim naquela repórter para
mim, sim? – Guramo disse.
― Sim, senhor. – o funcionário
respondeu.
Depois do expediente, Rubens e
Carla foram ao cinema juntos. Na hora de ir embora, ele decidiu acompanhá-la até
em casa, mesmo sendo ela a dona do carro.
― Depois eu pego um táxi para
casa. – ele disse.
Enquanto esperavam o elevador, o
rapaz decidiu falar sobre a atuação dela.
― Você mandou muito bem hoje. –
ele elogiou.
― Aprendi com o melhor. – ela
disse e, vendo que ele não entendeu, continuou. – Sempre leio suas matérias e,
apesar de você se arriscar muito, gosto do jeito que faz. – Carla admitiu.
― Caramba! Nunca imaginei que
seria exemplo para alguém. Fico muito feliz por isso. – o elevador chegou e
eles entraram.
― Você é, Rubens. E não só para
mim. – ela disse e os dois sorriram.
Saíram do elevador e foram para o
apartamento da moça, mas ao chegarem lá, encontraram a porta escancarada.
― Oh, meu Deus! O que aconteceu
aqui? – ela disse ao ver toda a bagunça feita na casa dela. – Moro aqui há
cinco anos e nunca havia sido roubada.
― Isso não foi um roubo. – Rubens
disse. – Você acaba de se tornar a inimiga número um do Dr. Guramo.
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