quinta-feira, 4 de julho de 2013

Caos Urbano T01C10

SEM OS BRAÇOS

― Eu já disse que não sei nada. – Benck repetiu.
― Nós ouvimos o que você disse, mas estamos mais interessados no que você não disse. – o Detetive Perez rebateu.
― Essa serra que está na sua lista de compras foi usada para um homicídio, e é por isso que você será julgado e condenado. Mas você pode sair antes do tempo se colaborar com a gente. Então, diga, Benck, onde está a arma? – a Detetive Marins perguntou novamente.
― A bela detetive sabe o que os antigos piratas faziam? – o preso não esperou pela resposta. – Iam com seus navios saqueando vilas, estuprando as mulheres, matando os homens e usando as crianças para trabalhar para eles. Em alto mar ninguém era perdoado. Porém, nem todo mundo era morto pelos piratas. Alguns locais e estabelecimentos eram mantidos para negócios futuros. Afinal se roubar e matar todo mundo, um dia não haverá mais alvos. – ele disse e fez uma pausa para continuar. – Eu sou um pirata moderno, mas mantenho as tradições. Eu não mato, apenas roubo quando me convêm, mas na maior parte do tempo, apenas compro e revendo. O que quero dizer é que eu não possuo mais essa serra. – Benck disse.
― E para quem você vendeu? Um nome, Benck. Apenas um nome e anos serão reduzidos da sua pena. – Raquel garantiu.
― Já que pediu com tanta educação. Alícia Seyk.
Os dois investigadores saíram e, assim que conseguiram o endereço, foram até a casa da mulher. A porta estava destrancada. Jorge entrou primeiro e em seguida, Raquel com a arma na mão esquerda. Passaram pela cozinha e pela sala sem nada encontrar. A dona do apartamento estava na cama, nua e sem os dois braços.
― É, parece que a tal Alícia não é a assassina. – Jorge disse e abaixou a arma. – E assim voltamos a estaca zero. Sem suspeitos.
― Claro que não, temos o Dr. Terom. Você não vê? Tudo está se encaixando, primeiro as pernas, agora os braços. – ela argumentou.
― Essa teoria não faz sentido, Raquel, e você sabe disso. – o detetive disse e a morena bufou.
― Chame os peritos. Eu vou conversar com o Copi. – ela disse e saiu.


O ex-oficial estava tomando um chá na bela tarde ensolarada que fazia, quando a detetive chegou. Após os cumprimentos iniciais, ela contou o que havia acontecido e que rumo seguia as investigações.
― Pelo visto, as coisas se complicaram um pouco. – ele disse por fim.
― É até engraçado, no caso anterior, o Dedos dos Pés praticamente me contou quem ele era, só precisei descobrir onde ele estava. Com o Terom é diferente, ele tem o motivo, todas as evidências apontam ele como suspeito número um, mas não consigo nada que prove a culpa dele. – Raquel desabafou.
― Em todos os assassinatos que investiguei, os assassinos sempre cometiam um erro que me permitia pegá-los. – o velho começou a dizer. – Você só tem que procurar bem. Qualquer detalhe pode solucionar o caso.
― Sim, obrigado pelo conselho. – ela disse e se levantou, mas então se lembrou de uma coisa. – Ah! Trouxe um presente para o senhor. – disse e tirou um CD da bolsa. – Ouvi dizer que gosta de jazz.
― É meu estilo preferido. Obrigado, Raquel. Não precisava se dar ao trabalho. – ele disse e pegou o objeto.
― Ora, não foi nada. O senhor tem me ajudado tanto, o mínimo que posso fazer é um agradinho de vez em quando. Agora tenho que ir. – ela disse e o beijou na testa. – Até mais.
 Chegou em casa, tomou um longo banho quente, deixou a água escorrer por todo o seu corpo moreno. Enquanto seus cachos se tornavam um grande condensado de cabelo molhado, Raquel pensava em como intensificar as investigações. Tudo dependeria da análise das evidências. Sabia que não era comum policiais e investigadores se meter no trabalho dos peritos, mas decidiu que iria dar um forcinha para seus colegas para acelerar o processo.
Desligou o chuveiro, pegou a toalha e começou a enxugar o corpo. Depois passou a secar os cabelos e, ainda nua, saiu do banheiro e foi para o quarto. Antes de poder começar a se vestir, seu celular tocou.
― Para me ligar a essa hora da noite, deve ser algo importante. Por favor, me diga que são boas notícias. – ela disse assim que atendeu.

― Desculpe te desapontar, não são. – Jorge disse e respirou para continuar. – Benck fugiu da cadeia.

Um comentário :

  1. Oi Ricky!
    E a trama vai se encaminhando de jeitos e reviravoltas! O que vai acontecer agora? *.*
    Sim o que me atraiu em O Chamado Selvagem foi exatamente a narrativa com ponto de vista do cachorro. É interessante, vale á pena.
    bjs

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