SEM OS BRAÇOS
― Eu já disse que não sei nada. –
Benck repetiu.
― Nós ouvimos o que você disse,
mas estamos mais interessados no que você não disse. – o Detetive Perez
rebateu.
― Essa serra que está na sua
lista de compras foi usada para um homicídio, e é por isso que você será
julgado e condenado. Mas você pode sair antes do tempo se colaborar com a
gente. Então, diga, Benck, onde está a arma? – a Detetive Marins perguntou
novamente.
― A bela detetive sabe o que os
antigos piratas faziam? – o preso não esperou pela resposta. – Iam com seus
navios saqueando vilas, estuprando as mulheres, matando os homens e usando as
crianças para trabalhar para eles. Em alto mar ninguém era perdoado. Porém, nem
todo mundo era morto pelos piratas. Alguns locais e estabelecimentos eram
mantidos para negócios futuros. Afinal se roubar e matar todo mundo, um dia não
haverá mais alvos. – ele disse e fez uma pausa para continuar. – Eu sou um
pirata moderno, mas mantenho as tradições. Eu não mato, apenas roubo quando me
convêm, mas na maior parte do tempo, apenas compro e revendo. O que quero dizer
é que eu não possuo mais essa serra. – Benck disse.
― E para quem você vendeu? Um
nome, Benck. Apenas um nome e anos serão reduzidos da sua pena. – Raquel
garantiu.
― Já que pediu com tanta
educação. Alícia Seyk.
Os dois investigadores saíram e,
assim que conseguiram o endereço, foram até a casa da mulher. A porta estava
destrancada. Jorge entrou primeiro e em seguida, Raquel com a arma na mão
esquerda. Passaram pela cozinha e pela sala sem nada encontrar. A dona do
apartamento estava na cama, nua e sem os dois braços.
― É, parece que a tal Alícia não
é a assassina. – Jorge disse e abaixou a arma. – E assim voltamos a estaca
zero. Sem suspeitos.
― Claro que não, temos o Dr.
Terom. Você não vê? Tudo está se encaixando, primeiro as pernas, agora os
braços. – ela argumentou.
― Essa teoria não faz sentido,
Raquel, e você sabe disso. – o detetive disse e a morena bufou.
― Chame os peritos. Eu vou
conversar com o Copi. – ela disse e saiu.
O ex-oficial estava tomando um
chá na bela tarde ensolarada que fazia, quando a detetive chegou. Após os
cumprimentos iniciais, ela contou o que havia acontecido e que rumo seguia as
investigações.
― Pelo visto, as coisas se
complicaram um pouco. – ele disse por fim.
― É até engraçado, no caso
anterior, o Dedos dos Pés praticamente me contou quem ele era, só precisei
descobrir onde ele estava. Com o Terom é diferente, ele tem o motivo, todas as
evidências apontam ele como suspeito número um, mas não consigo nada que prove
a culpa dele. – Raquel desabafou.
― Em todos os assassinatos que
investiguei, os assassinos sempre cometiam um erro que me permitia pegá-los. –
o velho começou a dizer. – Você só tem que procurar bem. Qualquer detalhe pode
solucionar o caso.
― Sim, obrigado pelo conselho. –
ela disse e se levantou, mas então se lembrou de uma coisa. – Ah! Trouxe um
presente para o senhor. – disse e tirou um CD da bolsa. – Ouvi dizer que gosta
de jazz.
― É meu estilo preferido.
Obrigado, Raquel. Não precisava se dar ao trabalho. – ele disse e pegou o
objeto.
― Ora, não foi nada. O senhor tem
me ajudado tanto, o mínimo que posso fazer é um agradinho de vez em quando.
Agora tenho que ir. – ela disse e o beijou na testa. – Até mais.
Chegou em casa, tomou um longo banho quente,
deixou a água escorrer por todo o seu corpo moreno. Enquanto seus cachos se
tornavam um grande condensado de cabelo molhado, Raquel pensava em como
intensificar as investigações. Tudo dependeria da análise das evidências. Sabia
que não era comum policiais e investigadores se meter no trabalho dos peritos,
mas decidiu que iria dar um forcinha para seus colegas para acelerar o
processo.
Desligou o chuveiro, pegou a
toalha e começou a enxugar o corpo. Depois passou a secar os cabelos e, ainda
nua, saiu do banheiro e foi para o quarto. Antes de poder começar a se vestir,
seu celular tocou.
― Para me ligar a essa hora da
noite, deve ser algo importante. Por favor, me diga que são boas notícias. –
ela disse assim que atendeu.
― Desculpe te desapontar, não
são. – Jorge disse e respirou para continuar. – Benck fugiu da cadeia.
Oi Ricky!
ResponderExcluirE a trama vai se encaminhando de jeitos e reviravoltas! O que vai acontecer agora? *.*
Sim o que me atraiu em O Chamado Selvagem foi exatamente a narrativa com ponto de vista do cachorro. É interessante, vale á pena.
bjs