segunda-feira, 15 de julho de 2013

A Arte De Roubar T03C12

INESPERADO

Eram quase meia-noite quando Taís parou o carro, depois de fazer várias voltas e entrar bastante em um dos bairros periféricos. O chrysler era preto e bem comum à vista das pessoas, por isso chamava menos atenção que o charger.
― Agora nos diga, Joel, por que você não quis ir com o Charger dessa vez? – a mecânica perguntou.
― Queria saber como era não ser perseguido pela polícia. – o líder respondeu.
Em outro canto da cidade, um charger prata fugia de quatro viaturas da polícia. E mais surgiam pelo caminho.
― Iuhuuuuuu! – Charger gritou enquanto acelerava. – É disso que eu estou falando. Senti falta de toda essa adrenalina.
― Não sei se posso dizer o mesmo. – Facada falou enquanto olhava para trás para ver os carros que os perseguiam. – Dá para despistar eles logo?
Sem falar mais nada, o mecânico girou o volante para fazer uma curva para direita, puxou o freio de mão e o girou o volante para o sentido contrário, fazendo um drift perfeito. Devido à alta velocidade, os policiais não conseguiram fazer o mesmo que Charger e alguns acabaram se atingindo.
Aproveitando isso, o mecânico ativou o nitro e sumiu da vista das viaturas. Virou à esquerda, depois à direita, e à esquerda de novo. Após várias curvas, ele parou em frente a um grande barracão. A grande porta se abriu assim que foram vistos.
― E aí, Albie, beleza? – Charger cumprimentou o dono do local, ao sair do carro.
― Tudo na boa. – ele respondeu. – O Joel não veio com vocês? – quis saber.
― Hoje não. Rola aquele serviço igual da última vez? – o mecânico perguntou.
― Claro. E como da última vez, podem aguardar na minha sala. Tem bebidas no frigobar e salgadinhos no armário.
― Valeu, Albie. – Charger agradeceu e se dirigiu para a sala com os amigos. – Ah, faz azul marinho hoje. – disse no pé da escada.


As horas se passaram e a pintura ficou pronta. O sol já estava quase nascendo quando saíram de lá. Deixaram o carro no centro de operações e foram para suas casas dormir.
Joel passou a noite em claro e, assim que amanheceu, decidiu ir até a velha oficina ver se seus amigos tinham chegado. Abriu a porta da garagem e entrou. Os dois carros estavam lá e o líder do grupo ficou mais tranquilo.
― Também não consegue dormir? – o musculoso surgiu de outro cômodo.
― Bomber, o que faz aqui? – Joel perguntou surpreso.
― Reflito sobre a vida. – ele começou. – Joel, você fez muito por mim desde que cheguei aqui, mas não posso mais continuar com isso.
― Como assim? – o líder não estava gostando do rumo da conversa.
― Não consigo mais viver com a ironia de que há anos tenho tentado provar que não sou um bandido e que agora sou. – Bomber disse.
― Você não pode sair. O combinado era...
― Que os assaltos acontecessem. Vocês podem fazer o último sem mim.
― Existe algo que eu possa dizer para fazê-lo mudar de ideia? – Joel perguntou.
― Sinto muito, não. – Bomber devolveu.
― Muito bem, então. – o líder disse, estendeu a mão e os dois se deram um forte aperto de mão. – Vamos pegar a sua parte desse roubo.
― Eu não quero, estou satisfeito com a dos outros dois. – Bomber disse, impedindo Joel de ir até o porta-malas do charger azul. – Cuide-se, Joel.
Quando o amigo musculoso saiu, o líder do grupo ficou pensando no que acabara de acontecer. Ao perceber que nada havia para fazer a não ser seguir em frente, decidiu começar a contar o dinheiro e pegou a chave para abrir o porta-malas. Levantou a porta do compartimento e teve a maior surpresa da sua vida.
― Não, não é possível. – ele disse ao ver a traseira do carro vazia. – Cadê o dinheiro?

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