terça-feira, 16 de julho de 2013

Tudo Por Uma Notícia T02C12

TREVAS

Sorrateiro e silencioso, Rubens pulou o muro de uma casa. Andou pelas sombras para não ser visto e atravessou o quintal até o outro muro do terreno. Não foi difícil decidir como o jornalista iria ajudar.
― No que você é bom? – Ian havia perguntado.
― Em escrever. – Rubens respondeu de imediato.
― E em ser capturado. – o jornalista riu sem jeito e coçou a cabeça. – Mas antes disso, você consegue entrar de fininho nos lugares. Andei lendo algumas de suas matérias. – o motoqueiro continuou. – Inclusive, aquela sobre o Comando Épsilon. Você poderia repetir aquele feito, só que dessa vez, você planta as bombas. – Ian sugeriu.
― Não sei se sou adepto a essa sua filosofia de morte. – o jornalista disse.
― Ah é? Então me diga, quantos dos que você ajudou a prender, ainda estão presos? – aquilo foi suficiente para Rubens.
O jornalista pulou o último muro e se encontrou no local marcado. Abriu a mochila e tirou a primeira bomba. Aproximou-se da casa e começou a plantar os explosivos. Enquanto dava a volta na construção, olhou pelas janelas e confirmou o que Ian havia lhe dito. Ali havia tanta droga quanto o depósito que o Comando Épsilon destruiu. Assim que terminou e foi sair do terreno, três homens o pararam no portão.
― Ora, ora, o que temos aqui? – um deles disse. – Um invasor.
A algumas quadras dali, Ian ouvia tudo pelo comunicador que havia dado ao jornalista. O detonador já estava na mão, mas o imprevisto o pegou de surpresa.
― Livre-se deles, Rubens. Passe pelo portão para eu poder detonar. – o motoqueiro disse.
― Peço mil desculpas. Achei que essa era a casa do meu primo. – o jornalista disse aos bandidos.
― Ah é mesmo? – outro disse e apontou uma arma para Rubens. – E você sempre entra na casa do seu primo pulando o muro?
― Na maioria das vezes. – o jornalista disse sem se alterar. – Já que está tudo esclarecido. – disse e tentou passar.
― De joelhos! – o primeiro disse e empurrou Rubens com a ponta da arma em sua cabeça. – Mãos na cabeça. – disse, assim que o jornalista se ajoelhou.
A três quadras de distância, Ian conseguia ver o homem apontando uma arma para alguém baixo, que ainda estava no interior dos muros.
― Rubens, saia daí, agora! Senão, eu vou detonar. – Ian avisou.
― Faça! – o jornalista disse e pôs as mãos nas orelhas, tampando o rosto com os cotovelos.


No instante em que o traficante ia apertar o gatilho, uma sucessão de explosões ocorreu e todos foram empurrados com força para fora. Rubens, após o impacto inicial, saiu rolando até parar no meio da rua. Quando conseguiu se sentar, uma moto estava parada ao seu lado.
― Está bem? – o motoqueiro perguntou.
― Não estou tão surdo dessa vez. – o jornalista respondeu com um sorriso, mas este desapareceu quando olhou para o lado oposto da rua. – Eu imagino que aquela seja a casa em que estava rolando a tal reunião que me contou.
― Sim. – Ian confirmou. – Os maiores traficantes de crack da cidade estão aqui hoje e eu vou matar todos. Melhor se afastar. – o motoqueiro disse.
― Mas antes me permita dar o primeiro tiro. – Rubens falou e pegou uma granada de um compartimento da moto.
O jornalista correu ao longo da calçada. Nesse momento já havia dezenas de homens armados do lado de fora da casa observando a explosão em seu armazém de drogas e dinheiro. Antes que pudessem ter qualquer reação, um objeto passou sobre eles, atingiu a janela e caiu na sala da casa.
― Sério, como eu queria que baseball fosse popular no Brasil. – Rubens comemorou seu lançamento e no instante seguinte outra explosão aconteceu.
Vários corpos voaram, outros tantos morreram, diminuindo o trabalho do motoqueiro. O jornalista voltou para o seu lado.
― Belo lançamento. – o homem de jaqueta de couro elogiou.
― Obrigado. – Rubens agradeceu.
― Bom, agora vem a parte chata. – Ian disse e desceu da moto.
― E qual é? – o jornalista quis saber.
― Ter a certeza de não deixar nenhum sobrevivente. – o motoqueiro disse e, com sua pistola .40, foi atirando na cabeça de cada um dos caídos.

Um comentário :

  1. Embora o conto seja grande e denso, gostei da forma como você escreve, não se tornou chato de se ler, e sim bom. http://luzia-medeiros.blogspot.com.br/

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