HERÓIS
― Vocês demoraram. – Porto disse
assim que os três técnicos de informática retornaram ao mundo real.
― Foi mais complicado do que
imaginávamos. – Kevin disse e lembrou o que aconteceu ao acordar de seu
desmaio.
Encontrou-se em uma cama, sentou
e olhou ao redor. Estava entre duas camas, onde permaneciam seus amigos
inconscientes.
― Oh, você acordou! Que bom. –
disse um homem ao entrar no cômodo, um dos funcionários do forte.
― O que houve? – perguntou e
então teve um estalo. – O forte...
― É onde estamos. Vocês salvaram
o forte e a nós todos. Como disse que fariam. – o homem disse no momento em que
Vick e Franklin acordavam.
― Precisamos ir. – Kevin disse e
se levantou rapidamente.
Na porta de entrada do Forte do Tesouro
Nacional, os humanos digitalizados se despediram de seus novos amigos.
― Aumentem suas defesas. – Frank
aconselhou.
Assim, os três voltaram para casa
através do portal que haviam aberto. Ao chegarem, Kevin explicou o que houve no
mundo virtual para o Agente Federal que os esperava.
― Muito bem. Vocês conseguiram
novamente. – Porto elogiou. – E pensaram na minha proposta? – ele perguntou e
um silêncio se seguiu, até que Frank falou.
― Sim e decidimos recusar. Estamos
bem como estamos.
― E agora, você deve manter
segredo sobre nossa tecnologia como prometeu. – Vick lembrou ao agente.
― Sim, sempre cumpro o que
prometo, mas é uma pena. Vocês seriam heróis como policiais federais. Aclamados
e condecorados. – Porto disse.
― Sabe, eu fui o voto vencido aqui.
– Kevin confessou ao agente. – Mas pensando bem, nós já somos heróis. Cada
pessoa a quem entregamos os computadores consertados nos vê como seus heróis.
Hoje, quase todo mundo possui vida virtual. Quando esta é perdida e alguém a
devolve, é vista como herói. – ele discursou.
― Vocês pensam pequeno. – o
agente definiu com desdém.
― Para ser grande é preciso
começar pequeno. – Frank rebateu.
― E não pretendemos pular etapas.
– Vick completou.
― Muito bem, vocês que sabem. –
Porto disse e pegou o laptop. – Adeus,
Detetives Virtuais! – saiu e fechou a porta.
As semanas se passaram e os três
amigos continuaram com suas vidas. Enquanto consertavam os problemas dos
computadores, aprendiam e descobriam cada vez mais coisas sobre o mundo
digital. O que deveria ser motivo de alegria acabou se tornando preocupação
quando Vick e Frank viram que Kevin estava passando mais tempo do que devia
fora do mundo real.
Um dia, eles decidiram seguir o
amigo. Kevin estava sentado em uma cadeira de praia, tomando limonada, na frente
de sua loja na Vila Documentos, a Coisas do Kevin. Estava tão distraído que nem
notou a chegada dos dois.
― O que está fazendo aqui, Kevin?
– Frank foi direto.
― Tomando limonada. – respondeu,
mas a encarada dos amigos o fez completar. – e pensando na vida.
― O que há para pensar? Você não
deveria estar feliz como nós? – a garota perguntou.
― Estão mesmo? – Kevin disse e
levantou. – Vão me dizer que não há uma mínima parte de vocês que não quer ser
reconhecido pelo trabalho que fizemos e fazemos? Nós salvamos o fundo monetário
do país! E ninguém sabe disso. – ele desabafou.
― O que houve com o discurso de
já sermos heróis? – Frank disse, mas não obteve resposta. – Venha, vamos para
casa. Vamos ver um filme para nos distrair um pouco. – chamou e Kevin virou de
costas.
― Por favor, Kevin! – Vick disse
ao se aproximar e enganchar seu braço no dele. – Oportunidades melhores virão,
mas você não vai poder aproveitá-las daqui. – ela disse e sorriu.
Os três voltaram ao mundo real e
em seguida a campainha tocou. Com novo ânimo e energia, Kevin se prontificou a
ir.
― Eu atendo.
O que os Detetives Virtuais não
sabiam é que ao abrirem a porta, suas vidas mudariam completamente.
Nenhum comentário :
Postar um comentário