terça-feira, 23 de julho de 2013

Tudo Por Uma Notícia T02C13 - Capítulo final da temporada

RUMO À CURITIBA

“Quando os policiais chegaram só encontraram cadáveres espalhados e drogas queimadas. É claro que eu e o Ian já não estávamos mais lá nesse momento. Não voltamos pelo mesmo caminho, aliás, nem sei por onde voltamos, e olha que eu moro aqui hein. De qualquer maneira, chegamos no local seguro do motoqueiro, de onde saímos horas antes.”
― E estamos aqui de novo. – Rubens comentou ao sair da moto, tirar o capacete e colocá-lo em um sofá.
― Obrigado pela ajuda. – Ian disse e fez o mesmo, tirou um bolo de dinheiro do bolso e colocou sobre a mesa entre eles. – Isso deve ser suficiente.
― Eu não quero esse dinheiro. É sujo, de traficante. – Rubens disse com uma careta.
― Pelo visto não. – Ian murmurou e pegou o bolo de volta. – Melhor para mim, sobra mais.
― Então, qual é o próximo passo do Motoqueiro das Trevas? – Rubens perguntou e pegou seu gravador. – Digo, para onde vai? O que vai fazer?
― Está querendo me entrevistar, jornalista? – Ian indagou.
― Só estou fazendo o meu trabalho.
― Pois muito bem. Então prepare-se. – o Motoqueiro falou. – Meu objetivo principal era Brasília, mas quando passei por aqui, acabei me envolvendo em uns problemas e quando vi, já estava instalado. Já estraguei os planos de muitos traficantes daqui, acho que está na hora de continuar minha rota. – Ian contou e Rubens desligou o gravador.
― O que pretendia fazer em Brasília, Ian? – o jornalista perguntou.
― Matar todos os políticos, ora. – o homem da jaqueta de couro disse e deixou Rubens sem palavras.
― Você pirou?
― Por quê? É lá que está todo o mal desse país. Cansei de matar peixe pequeno. – Ian disse.
― Eu sei, mas é muito arriscado. Você é procurado no país inteiro. E de moto, até chegar na capital, cada lugar será um perigo a mais para você. Acha que vale a pena desperdiçar tudo pelo que lutou? – Rubens argumentou.
― E o que você sugere que eu faça? Continue matando os criminosos de São Paulo? Enquanto eu mato um, outro surge para ficar em seu lugar. – Ian disse.
― Volte para Curitiba! Imagino que você deva conhecer bem melhor lá. – Rubens supôs.
― Cada beco. – Ian confirmou.
― Então! Vá para lá. Antes de limpar o país, por que não limpa a sua cidade? Ouvi dizer que está rolando umas coisas bem loucas por lá. Como um assassino em série que arranca um dedo do pé de cada vítima. – o jornalista sugeriu.
― Você tem um bom argumento. – Ian admitiu.
― E se bobear, ainda nos encontramos por lá. Meu chefe me mandou ir para lá entrevistar um adolescente que impediu que o colégio dele fosse explodido por um empresário. – o jornalista explicou.
― Pensarei no assunto. Obrigado pelo conselho. – Ian agradeceu e estendeu a mão.


“Apertamos as mãos e então eu voltei para casa. Não foi fácil escrever essa matéria, pois gosto de dar minha opinião. É certo punir os criminosos com morte sem um julgamento? Talvez não, mas de que adianta julgar e prender se depois que são soltos, eles fazem a mesma coisa?
“Talvez a morte, que muitos acham horrível, seja a melhor maneira de prevenir ações violentas e proteger os inocentes. E se o Motoqueiro das Trevas tomou a iniciativa de fazer isso, quem sou para condená-lo? Atrevo-me a dizer que me sinto mais seguro sabendo que os bandidos estão sendo mortos, pois assim não terão outra chance de fazer o mal”.
                                                                   
                                                                                                              Rubens Fonseca.

― Nem por cima do meu cadáver, essa matéria será publicada! – o editor-chefe do jornal Terra da Garoa vociferou.
― Qual é, Beneton! – Rubens reclamou. – Você nunca negou uma matéria minha antes.
― Você está dando apoio para as ações desse assassino! – o mais velho disse e se aproximou do jornalista investigativo. – Os donos do jornal andaram reclamando de algumas de suas reportagens. E a censura também está no meu pé. Não posso e não vou arriscar a integridade do jornal por causa de uma matéria. – Beneton disse e voltou para sua mesa.
― Tudo bem. Eu só quase morri três vezes hoje. – Rubens disse.
― E é por isso que agora você vai para Curitiba agora, vai entrevistar o garoto do colégio Isaac Newton e vai voltar para cá. E, por favor, pelo amor de Deus, por tudo que é mais sagrado, não se meta em confusão! – o editor exclamou no momento em que Carla aparecia à porta da sala.
― O Rubens não se meter em confusão? Isso é impossível, chefe. – ela disse e sorriu para o namorado, enquanto Beneton afundava o rosto nas mãos. – Já está indo então? – ela perguntou.
― Sim. Quando chegar lá, te aviso. – o jornalista disse e beijou-a. – Até mais, Beneton. – ele disse e foi rumo à saída, passando pelas mesas de seus colegas. – Até mais, Terra da Garoa! Curitiba me espera!

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