LOCAL SEGURO
A casa estava como ele havia
deixado seis meses atrás. Guardou suas coisas e tomou um banho, durante o qual,
aproveitou para pensar. Assim como fez em São Paulo, Ian pretendia encontrar
outros locais seguros como aquele, em diferentes bairros da cidade para
eventuais fugas ou reabastecimentos.
Entretanto, antes de fazer isso,
ele decidiu sair para almoçar e coletar algumas informações para poder agir de
noite, pois a cada noite que o Motoqueiro não agia, era uma noite em que mais
inocentes morriam. Colocou uma roupa clara e deixou o cabelo bagunçado para
frente.
Andou cinco quadras até encontrar
um restaurante. Serviu-se e sentou-se para comer. Enquanto saboreava sua
refeição, assistia ao jornal que passava na televisão e ouvia a conversa de
dois homens próximos a ele.
― Essa cidade está um caos mesmo.
– disse um deles, de cabelo enrolado e barba, comentando a matéria da TV. –
Ficou sabendo desse último assassinato? E a polícia não faz nada.
― Só aparecem depois dizendo que
vão investigar e punir os culpados. – disse o outro, que era careca e tinha
bigode. – Eles precisavam impedir esses atos de violência.
― Mas como? Cada dia tem menos
policiais nas ruas e os que estão, ajudam os bandidos. – o cabelo enrolado
disse. – Sabe esse último lá no Santa Cândida? Diz que foi por causa de dívida
com traficantes lá de Colombo.
― Essa é outra coisa que não
entendo. Por que as polícias das duas cidades não se ajudam mais? Afinal a
Região Metropolitana é praticamente parte de Curitiba. – o careca apontou.
― Sim e além de Colombo, ainda
tem São José dos Pinhais, Pinhais, Lapa, Piraquara, Fazenda Rio Grande. Todas
essas estão bem ruins das pernas. – o de barba lembrou. – Mas o problema maior
é que mesmo dentro da capital tem os bairros perigosos, como o Uberaba,
Tatuquara, Guabirotuba, Cajuru. Isso sem falar nas vilas. – citou.
― Não sei para onde essa cidade
vai desse jeito. – o careca disse.
― Nem eu, mas sei para onde eu
vou. – o cabelo enrolado disse e levantou. – Para o trabalho. – disse e saiu,
encerrando o assunto.
Ian terminou de comer, pagou a
conta e foi embora. Voltou para casa e resolveu limpá-la. Arrumou seu arsenal e
deixou tudo pronto para a ação da noite. Quando o sol se pôs, o Motoqueiro das
Trevas saiu.
Eram 19h quando Carol girou a
chave e abriu a porta do apartamento em que morava. Depois do dia cheio que
teve, tudo o que ela queria era tomar um bom banho, comer alguma coisa e dormir
uma boa e longa noite de sono, mas ao acender as luzes, seus planos foram
derrubados pelo susto que ela levou.
― Ian! – ela disse depois de
gritar e correu na direção dele.
Ela o abraçou fortemente. Soltou
um pouco para poder beijá-lo. Um beijo que para eles durou uma eternidade, mas
levou poucos segundos para se separarem. Ainda ficaram algum tempo abraçados,
olhando um para o outro. Ian limpou as lágrimas da morena, enquanto ela ria e
chorava ao mesmo tempo.
― Você demorou. – ela conseguiu
dizer.
― Tive uns atrasos no meio do
caminho. – ele disse.
― O importante é que voltou. –
ela disse e o soltou, e ambos sentaram no sofá.
― Conte-me as novidades. – ele
pediu e ouviu tudo o que Carol conseguiu contar dos últimos seis meses. –
Parece que muito aconteceu desde que eu saí. – ele disse após o relato dela.
― Sim. E eu até perguntaria as
suas novidades, caso não tivesse visto as notícias. – ela devolveu e o fez
sorrir.
― Essa mídia. – ele disse. –
Quero te pedir um favor.
― Oh, quer dizer que vai me deixar
ser sua parceira? – ela se animou.
― Não, quer dizer que preciso de
um favor seu só desta vez. – ele devolveu.
― Sei, então enquanto eu tento
prender os criminosos, você vai estar nas ruas matando-os. – a morena disse.
― Você fez um ótimo resumo. – ele
concordou. – Vai me ajudar?
― O que precisa? – Carol
perguntou.
― De uma lista com todos os
apartamentos e casas abandonadas e desocupadas da cidade. Quero ter um local
seguro em certos bairros, para sempre ter um por perto. – Ian explicou.
― Hum, é uma boa ideia. – a
advogada elogiou. – É, acho que eu posso fazer isso. – ela disse e sorriu.
Cenas dos próximos capítulos.
ResponderExcluir"Mesmo dentro da capital tem os bairros perigosos, como o Uberaba, Tatuquara, Guabirotuba, Cajuru." Vou anotar isso. Hahahah
ResponderExcluirCarol boboca... Passa 6 meses sem ver o Ian e o beijo só dura alguns segundos. Que desperdício.^^'
Beijo. ;*