SEMEANDO A DISCÓRDIA
Li abriu os olhos e viu que já era noite. Verificou o GPS e percebeu que
todos os outros estavam parados. Concluiu que resolveram descansar e agir pela
manhã. Ele olhou para baixo e, como não havia nenhuma movimentação por parte do
grupo de Deusa, se deu ao luxo de voltar a dormir.
O primeiro raio de sol o despertou mais uma vez. E bem a tempo de notar
seus alvos levantando acampamento e seguindo seu caminho em direção ao norte.
Li confirmou a posição do Cabo Maki e chamou-o pelo comunicador.
— Maki, está me ouvindo? É o Li. – o soldado chamou mas não recebeu
resposta. – Maki, acorda, seu baka. –
Li disse supondo que o colega estivesse dormindo.
— O que? Quando? Onde? Li, é você? Cadê você? – o Cabo respondeu enquanto
acordava.
— É claro que sou eu, seu baka.
Quem mais te chama de baka, seu baka? – o Soldado lembrou.
— Ah, é mesmo. – Maki concordou.
— Presta atenção, na sua direção, está indo um grupo de criminosas. Elas
querem descobrir quem está com os sobreviventes, as armas e o material
radioativo. Diga-me, o grupo que está vigiando possui algum desses? – Li disse
e perguntou.
— Como sabe que estou vigiando um grupo? – o Cabo ficou intrigado.
— Eu também sei que o líder dele é o Quebra-Ossos e ele domina a região
da Praia Oeste. Agora responde! – o Soldado exigiu.
— Puxa, asiáticos são mesmo mais inteligentes. – Maki observou. – Eles
não têm nada. Aliás, nem sabem de nada. Parece que o informante deles chegou
depois que saímos de lá.
— Então é bem provável que esteja na região que o Capitão foi. Precisamos
impedir que esses grupos se juntem. Mesmo desarmados, muitos deles podem ser um
problema. – Li comentou.
— Alguma ideia? – o atirador perguntou.
— Sim. Quando eu avisar, você atira em algum ponto do acampamento do
Quebra-Ossos. Mas não acerte ninguém. Isso vai fazer com que os dois grupos
pensem que o outro está com as armas. E enquanto eles se enfrentam, nós vamos
ajudar o Capitão. – o Soldado explicou.
— Certo. – Maki concordou.
Ao sinal de Li, o atirador acertou um ponto vazio no acampamento do
perigoso homicida. O barulho assustou a todos. Deusa e seu grupo aumentaram a
velocidade do passo. O líder do grupo da Praia Oeste chamou três companheiros e
foi investigar a fonte do barulho na floresta.
— Quem vem aí? – Quebra-Ossos perguntou com sua voz grave e imponente, ao
ouvir passos.
— Oxe, meu nego, sou eu. Sua Deusa do Agreste! – a morena de cabelos
encaracolados disse, enquanto Li se juntava com Maki a um galho de distância.
— Por que atirou em mim, Deusa? Está querendo morrer, preta? – ele também
era moreno de cabelos encaracolados e compridos, com os dois meses que já
estava na ilha, eles já atingiam a cintura. Ele conseguiu um graveto para
prendê-lo e impedir as pontas de caírem em seu rosto.
— Oxente, foi você que atirou. Eu ouvi o barulho e vim correndo para cá.
Veja, estou até suada. – Deusa mostrou uma parte úmida camiseta.
— Bem típico de nordestina, suam tão fácil. – falou uma mulher do grupo
do alto e musculoso homem.
— Quem é essa, meu nego? – Deusa perguntou para o homicida.
— Apresentações depois, onde estão as armas, Deusa? Você está bem no
local de onde veio o tiro. Não tente me enganar. – Quebra-Ossos ameaçou a
morena.
Nesse momento, Li fez sinal para Maki para saírem dali. O atirador pulou
para o próximo galho, mas quando o Soldado o fez, seu galho partiu e ele caiu.
No chão, Li viu o colega parar por sua causa e olhá-lo. O soldado fez sinal
para ele ir só e se levantou. Além de todo o barulho da queda, Li estava bem no
campo de visão dos criminosos. O plano de fazer os dois grupos se anularem
havia ido por água abaixo.
— Ora, ora, o que temos aqui? – a morena magra do grupo de Quebra-Ossos
notou.
— Olhe, ele tem uma arma. Foi ele quem atirou. – Deusa reparou.
— É um soldado, deve ter vindo por causa do avião. Explique-se rapaz. – o
musculoso homicida exigiu.
— Desculpe, não sou muito bom com palavras. – Li disse, empunhou sua
espada e sorriu. – Venham!
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