INCOMUNICÁVEL
Antes de escurecer, Nikolofski e Santana alcançaram a nascente do rio da
ilha. O sargento quis correr até o local e saciar sua sede, mas a tenente o
impediu. Ao contrário do rapaz, ela ouviu os passos de pessoas se aproximando e
notou que se dirigiam à origem do riacho. Sem escolha, a moça tapou a boca do
colega e puxou para trás de uma árvore.
— Veja! – ela disse e girou a cabeça dele para onde os donos dos passos
vinham. – Agora, observe e não faça barulho. – ela sussurrou e soltou a boca do
rapaz, que após a surpresa inicial, soube aproveitar o momento.
Quatro homens pararam à beira do riacho e encheram recipientes com a
água. Entretanto, fizeram isso alternadamente, enquanto dois pegavam o líquido,
dois faziam guarda com armas de fogo. Os militares se entreolharam e esperaram
o grupo sair e voltar por onde veio. Cuidadosamente e sem fazer barulho, eles
seguiam seus alvos pela floresta. Começava a escurecer.
A luz de uma fogueira distante facilitou a caminhada tanto dos criminosos
quanto dos seus perseguidores. A uns cem metros do local iluminado, Nikolofski
e Santana pararam.
— Algum sinal dos soldados? – Gamba perguntou.
— Nada ainda, Gamba. – Espeto respondeu.
— Mas eles virão, eventualmente. Afinal, estamos com as armas e o
material radioativo que estavam no avião. – o criminoso disse e, apesar de
longe, os dois militares ouviram as palavras do líder do bando local. –
Conseguiu montar o aparelho, doutor?
— Sim. – Enrikson respondeu. – Quer que eu ative?
— Por favor. – Gamba confirmou. – Caso os soldadinhos pensem em se
dividir para procurar o que havia no avião, não quero que se comuniquem.
— Pulso eletromagnético ativar! – Dr. Enrikson disse e ligou uma pequena
máquina que criou com o material eletrônico que foi recolhido do aeroplano.
Segundos após a ativação, os criminosos ouviram gritos próximos de onde
estavam. Nikolofski e Santana não conseguiram evitar fazer barulho, quando uma
onda de choque atingiu seus ouvidos. Em um movimento reflexo, ambos taparam
suas bocas. O rapaz ia se mexer para sair dali, mas a moça o impediu.
— Vamos esperar, talvez pensem que foi algum animal. – ela sussurrou, mas
ao dar um passo para trás, pisou num galho seco.
Os criminosos, que já suspeitavam de onde os gritos tinham vindo, tiveram
certeza com o barulho no galho. Eles circundaram seus alvos. Quando os bandidos
apareceram, se viram na mira das pistolas dos militares. Entretanto, foram
estes que largaram suas armas, pois não poderiam combater os rifles automáticos
dos adversários.
— Ora, ora, quem diria? Estavam aqui o tempo todo. – Gamba disse quando
seus homens chegaram com os soldados. – Não disse que eles viriam? Joguem-nos
num canto. – ele ordenou.
Sem suas armas e colete à prova de balas, Nikolofski e Santana tiveram
suas mãos amarradas e foram colocados num dos cantos do acampamento do bando.
— O que faremos agora, Tenente? – o rapaz perguntou.
— Só podemos esperar pelo Capitão e os outros. – ela disse.
— Mas estamos incomunicáveis e tenho quase certeza de que aquele PEM
afetou os GPS também. Eles não fazem ideia de onde estamos. – Santana ponderou.
— O Capitão vai dar um jeito. Eu sei. – Nikolofski disse e olhou para o céu.
Caviquioli acordou e seguiu ao extremo leste da ilha, mas só o que
encontrou foi a pilha dos cadáveres daqueles que não sobreviveram à brutalidade
que foi no momento em que os criminosos foram soltos. O sol nascia e o cheiro
dos corpos em decomposição ainda era forte, mesmo depois de dois meses.
Ela concluiu que não haveria possibilidade de alguém morar
naquela região da ilha. Tentou falar com a Tenente ou o Sargento, porém, não obteve
resposta. Já havia pensado na hipótese e a falha de comunicação só veio para
reforçar sua decisão. A Cabo Caviquioli seguiu rumo ao nordeste da Ilha Prisão.
Eu amei sua participação no desafio do dia.. sua frase já está na enquete na lateral do blog.
ResponderExcluirBooa sorte *--*
Beijoos
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