CAPTURA
O sol já estava se pondo, quando Ramos terminava de recolocar o colete à
prova de balas e prender o cabelo novamente. Ela pôs o boné e arrumou a mochila
nas costas.
— Está pronta? – Zurique disse assim que fechou o zíper da calça.
— Sim, senhor. – ela respondeu.
— Então, vamos. – ele disse e começou a caminhar.
Eles chegaram na beira de um córrego e com o reflexo do pôr do sol, a
água parecia ser vermelha. De onde estavam, não conseguiam enxergar nem a
nascente nem a foz do rio. Era possível ver seu fundo e a correnteza não era
forte.
— Vamos atravessar! – o capitão avisou.
— Certo! – ela concordou e o seguiu.
Andaram devagar, tentando fazer pouco barulho para não chamar atenção.
Zurique tinha procurado por algum observador de tocaia, mas não encontrou
ninguém. Entretanto não custava prevenir. Alcançaram a outra margem sem maiores
perigos. Contudo, bem nesse momento, vozes se aproximavam e eles se encostaram
em uma árvore para não serem percebidos.
— Eu não devia estar aqui. – um deles disse.
— Se você está aqui é porque é um dos mais perigosos do país, fique
honrado. – o outro respondeu.
— Eu sei, mas minha arma é a inteligência. Não tenho físico para viver
nessa ilha.
— Cara, você já sobreviveu dois meses. Relaxa!
— Calem a boca e tentem pegar algum peixe, para podermos jantar hoje. –
um terceiro falou.
Zurique sinalizou para Ramos e os dois começaram a se afastar do trio de
prisioneiros. O barulho que faziam na água abafou os passos dos militares. A
moça chegou a ter dó dos habitantes da ilha por um momento. Ter que ir atrás da
comida diariamente não devia ser algo fácil, mas então ela se lembrou de que
quando tinham sua liberdade, eles a usaram para cometer crimes contra os outros
sem pensar duas vezes. Estava escuro e o Capitão havia decidido parar, quando
viu uma fogueira.
— Vamos avançar mais um pouco. – ele sussurrou para a loira.
Parado a cem metros do local iluminado, Zurique decidiu esperar a noite
passar e agir durante o dia. Ele sentou e se recostou em uma árvore. Ramos
tirou a mochila e sentou-se na frente do Capitão, usando o corpo dele como
recosto. Com a cabeça no ombro dele, a loira dormiu intensamente.
O sol nasceu e com ele veio a necessidade de fazer algo. Eles comeram,
cada um, uma barra de cereal e se prepararam para ir. O líder, porém, parou e
sussurrou para a companheira.
— Ontem à noite, notei algo de estranho ao redor da área da fogueira e
agora sob à luz do dia, confirmei minhas suspeitas. Eles instalaram armadilhas
em todo o local. – Zurique disse e apontou. – Melhor esperar alguém sair e
seguir o mesmo caminho.
E assim eles fizeram.
— Todos parados! – o Capitão falou e apontou o rifle para os membros do
grupo de Crupiê.
— Parece que seu resgate chegou, Sr. Pacheco. – o líder criminoso disse.
— Não se preocupe, Sr. Pacheco, vai ficar tudo bem. – Zurique tentou
acalmar o refém.
— Cuidado! – o rapaz gritou, mas foi tarde demais.
O homem que havia saído surgiu e atacou o Capitão com um porrete de
madeira. Em seguida, deu um soco que nocauteou Ramos. Enquanto caía no chão e
era amarrado, o militar ouvia as palavras de glória do Crupiê.
— Achou mesmo que conseguiria chegar sem ser percebido? Eu sei de vocês,
desde que atravessaram o riacho. – ele se vangloriou e riu.
Aventuras mil nesse conto, vai ter continuação?
ResponderExcluirBjs