REAÇÃO
— A polícia continua procurando por Ian Rampinelli, o Motoqueiro das
Trevas. A recompensa para quem informar sua localização exata aumenta a cada
dia. Hoje está em 2500 reais. – disse a apresentadora do jornal.
— Caramba! Você deve ser a pessoa mais procurada pela polícia, hoje. –
Borba observou.
— Grande coisa. – diminuiu Ian, que estava sentado no sofá limpando uma
arma. – Isso não vai me impedir de continuar o que estou fazendo.
— Mas agora eles sabem quem você é.
— Será mais difícil, eu sei. Mas, pelo menos agora, poderei focar apenas
no Motoqueiro. Só que precisarei da sua ajuda. – Ian avisou.
— Claro, amigão. Conta comigo. – Borba afirmou.
— Ótimo! Vou precisar de roupas e um pouco de dinheiro. Ainda tenho
munição para algum tempo. Eu me preparei para algo assim, montei uma segunda
base em uma casa abandonada de um bairro mais afastado. – Ian explicou.
— Certo. Temos o mesmo tamanho, posso te arranjar umas roupas minhas.
Tenho 50 mil em dinheiro. Deve te manter por um tempo. – Borba disse.
— Valeu, mesmo, Borba.
— Ah, antes que eu esqueça. – o ex-soldado entregou um jornal para Ian. –
Falei com umas pessoas e parece que esse cara foi o mandante do assassinato do
seu irmão. – ele disse se referindo ao político que aparecia na primeira página
do folhetim.
— Você tem certeza? – Ian quis confirmar.
— Foi o que me disseram.
O Motoqueiro pegou o dinheiro e a roupa, e montou em seu veículo. Como
era de dia, não se preocupou em se esconder, afinal a polícia só esperava que
ele aparecesse de noite. Assim, Ian seguiu para sua segunda base e arsenal.
Os antigos moradores e proprietários haviam morrido e o filho herdeiro
deles morava em outro estado, por isso nem quis saber da casa e a deixou com
móveis e tudo. O ex-advogado sentou e releu a manchete do jornal: “Deputado
Carlos Castor fala sobre seu projeto em evento na frente do Palácio Iguaçu em
cinco dias”.
— Cinco dias, só mais cinco dias. – Ian repetiu.
— O senhor tem certeza disso, delegado? Até onde eu sei, podem estar
tentando incriminar o meu filho. – o Dr. Rampinelli disse ao entrarem na
garagem da casa e verem o arsenal montado por Ian.
— O seu filho foi bem esperto, doutor. Não comprou nada de maneira
convencional. Mas ele foi pego. Temos vídeos dele na delegacia e temos o vídeo
dele fugindo de lá. – o delegado explicou. – Posso mostrá-los ao senhor, se
desejar.
— Eu agradecerei. – o desembargador respondeu.
— Oh, meu Deus! – a mãe de Ian disse e começou a chorar.
Por ser amiga íntima da família, Carol foi autorizada a visitar a casa
dos Rampinelli, que passara a ser local a ser investigado. Ela queria consolar
a mãe de Ian, a quem considerava uma amiga, mas também precisava ser consolada.
A jovem advogada ainda não conseguia entender como e por que Ian, seu amigo,
seu sócio... seu único grande amor, havia se tornado o Motoqueiro das Trevas
Não aguentou mais ficar ali, despediu-se do casal Rampinelli e foi para
casa. Desmarcou todos os seus compromissos e deitou em sua cama. Olhando para o
teto, repassava e processava as informações recentes em sua mente.
— Por que fez isso, Ian, por quê? – ela disse para si mesma e as lágrimas
começaram a escorrer.
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O Deputado Carlos Castor desembarcou de seu avião particular e foi
recebido por seu acessor.
— Seja bem vindo, deputado! – ele saudou.
— Como está minha agenda? – o político quis saber.
— Até o seu discurso, em cinco dias, não há mais nada, senhor.
— Ótimo, então dará tempo de resolver aqueles outros negócios. – ele
disse mais para si mesmo.
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