domingo, 12 de fevereiro de 2012

Além da espiã


Depois que Zé saiu da AGESP, Érica não pôde deixar de lembrar-se da conversa que os dois tiveram na madrugada anterior. Ainda não era a vez de o rapaz fazer a vigia, quando ele levantou e decidiu puxar assunto com a garota que conhecera a poucas horas.
– Ainda não ta na sua hora, por que não volta a dormir? – ela disse.
– Perdi o sono e resolvi te fazer companhia até o meu horário, ou se preferir posso te render já. – ele explicou.
– Eu também não to com sono e agora que você falou, nós não tivemos muito tempo para conversar desde que nos esbarramos, não é?
– Exato. E devo dizer que você me intriga muito, Agente E. Afinal, você sabe tudo sobre mim e eu nada sei de você.
– Oh, é mesmo? E o que você gostaria de saber, Agente Z? – a garota perguntou se aproximando do rapaz.
– Quem é Érica? E como ela se tornou uma espiã?
– Tem certeza de que quer saber isso, Zé? É mais chato do que parece.
– É o que eu quero saber. – confirmou o rapaz.
Érica e Zé se sentaram um de frente para outro. A jovem espiã começou sua narrativa lembrando-se de seu ensino médio. De quando ela tinha apenas 15 anos.
Era seu primeiro ano, ainda na época em que o ensino fundamental tinha 8 anos, e tudo estava mais normal impossível. O corpo da jovem adolescente já estava se moldando para se tornar o escultural da espiã que Zé conheceu. Os meninos não paravam de olhá-la e ela, juntamente com suas amigas, fazia charme e afastava-os.
Um dia, durante o intervalo, Érica foi até a sala do diretor, que também era o professor de matemática, para tirar uma dúvida. Só que não foi o magistrado que ela encontrou. Sentado em frente ao computador, mexendo com grande concentração, estava um dos inspetores do colégio, recentemente contratado e que a garota nunca tinha reparado direito.

– O que você ta fazendo aqui? – ela perguntou.
– Calma, eu posso explicar. – disse o rapaz, levantando-se assustado.
– É bom mesmo. – ela disse recuando para a porta, enquanto ele se aproximava. – Porque acho que o diretor não vai gostar nada disso...
Antes que Érica pudesse finalizar a frase, o jovem inspetor avançou, puxou-a pelo braço, fechou a porta, encostou-a na parede, imobilizou-a com uma das mãos e tapou sua boca com a outra. Totalmente desprevenida e em sua nova posição, Érica pôde ver a tela do computador, contendo vários códigos e uma linguagem eletrônica que não condizia com um inspetor de escola.
Olhando para os olhos e rosto de seu imobilizador, a garota concluiu que ele não teria mais de 20 anos. Mas o que ele estaria fazendo ali? Qual era o seu objetivo? Perdida em suposições e devaneios, ela acordou de seus pensamentos com o sussurro do rapaz.
– Eu estou no meio de algo grande aqui. – ele começou. – Não imaginei que alguém fosse aparecer, meu erro. Mas agora, você ta aqui e eu não tenho muitas opções do que fazer com você. – ele disse e Érica arregalou os olhos. – Ou eu te nocauteio, ou te conto a verdade. O problema é que eu não posso te contar a verdade, mas também não quero machucar uma garota tão bonita. – ele baixou a cabeça e fechou os olhos por um minuto, e logo a levantou. – Meu nome é Levi Baltar e eu sou um espião. O diretor do seu colégio é suspeito de fazer parte de um esquema de lavagem de dinheiro e estaria usando o fundo escolar como disfarce. – ele disse sério. – Agora, eu vou te soltar e você poderá fazer o que quiser, mas se escolher sair por aquela porta e me entregar, você nunca mais vai me ver. Se decidir ficar e me ajudar, eu tenho uma proposta para te fazer. – ele finalizou e soltou a adolescente.
Ainda atordoada com a chuva de informações que recebeu, Érica ficou parada no mesmo lugar enquanto Baltar voltava ao computador.
– Imagino que tenha escolhido ficar. Isso é bom. Vigie a porta, sim.
Ela fez o que ele pediu e depois do intervalo, eles combinaram de almoçarem juntos, tomando todo o cuidado para não serem vistos.
– Entre uma garfada e outra, ele me explicou sobre a AGESP e a necessidade de novos recrutas. – Érica disse para Zé.
– Peraí, então quando você entrou, também estavam precisando de espiões? – o rapaz perguntou confuso.
– Sim, e a tendência é aumentar. Os crimes de informática e de colarinho branco estão cada vez maiores.
– E o espião que te recrutou? Ainda tem contato com ele?
– Sim, somos grandes amigos hoje e ele é um dos melhores espiões da Agência. – ela disse, sonolenta e levantando. – Zé, vou dormir um pouco.
– Vai lá! – ele disse, levantando também. – Érica! – ele chamou e se aproximou dela. – Espero que depois de tudo isso nós sejamos grandes amigos também. – Zé disse e a abraçou.
De volta de suas lembranças, a jovem espiã largou a sua xícara de café com leite e foi atrás do novo espião da AGESP, o seu grande amigo, Zé Mané.

10 comentários :

  1. Hummmmm, eu já tinha imaginado algo mais do que uma amizade, hahahahhahahahaha.
    Beijos

    http://www.giselecarmona.blogspot.com/

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  2. Muito boa a história, mas é só isso, ou tem mais?? fiquei curioso agora hehe

    agora é a minha vez de te deixar curioso, tenho uma história nova no meu blog que você vai gostar, e ficar curioso pelas proximas histórias

    da uma passada la http://atordoadojr.blogspot.com

    abraços

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  3. Muito bom! gostei mesmo, muito bem escrita. Fiz um conto la no blog, confere la:

    http://errosxacertos.blogspot.com/


    Até a próxima!

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  4. Ricky,
    nossa! Que tanto de imaginação você tem!
    Deu curiosidade para ler mais...
    gostei dos diálogos!

    Beijosss

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  5. Hummm, nada como uma xícara de café pra fazer a galera pensar, né?? E lá foi ela atrás dele... Fazer o quê? Ajudar a vigiar? humm...

    Interessante a história de como ela se tornou espiã e sortuda por não ter levado uns bofetes, né?? Ainda bem que Baltar foi bonzinho...

    Quero só ver o próximo... Acho que tem coelho nesse mato. Huahuahahua

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  6. Eita, voltou com tudo nos contos, heim!?

    Olha só, estou torcendo de montão para que vc se saia bem, viu!?

    bjinhos JoicySorciere => Blog Umas e outras...

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  7. Zé Mané <3
    Adoooooooooogo os teus contos Ricky!
    Poxa, me dá tua imaginação? Assim eu sempre tiro 10 em produção textual... hehe Beijos

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  8. Amizade acima da espionagem.
    Acho que ai rola.

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